terça-feira, 23 de março de 2010

EXTERMINEM A PROSTITUTA! OU NÃO QUEREM MATAR SEUS FRUTOS?











Grávida de três meses, a mulher passou em frente a uma lancheria com a fachada pintada de branco e a reluzente placa em cor laranja, tom bem cítrico, chamava "Recanto da Eterna Energia". Ofegante após ter esperado horas, centenas de horas, para fazer o exame que os coturnos modernos da Nova Pátria Brasil Lula exigia, antes que chegasse o Natal, enfim ela conseguira, fizera o Pré-Natal, pois recém era 22 de dezembro. E vencera. Chegaria ao Natal com tudo em cima e dentro da barriga, uma vez que já fizera o Pré. E passou um Natal muito feliz com a cria na barriga, apesar de não mais ter conseguido dormir e ter comemorado bizerra com tanta cerveja, tanto trago, porque não parava de ouvir as badaladas repetitivas da voz do doutor:


- Tá tudo bem. Faz Pré-Natal com atraso de três meses, mas o SUS é mesmo assim. Ajuda a quem precisa. Só para de cheirar. Ela não entendia nada sobre o que tinha cheirado. Afinal, seriam as achocolatadas meinhas compradas em duas vezes, o enxovalzinho ganho da vizinha da amiga da filha da neta da bisneta da avó da prima do divorciado filho da patroa? Ela não entendia nada, quando pássaro ofegante a bicara, ao entrar para lavar o rosto e bebericar água sobre a lambuzenta pia da lancheria com placa em neon laranja bem cítrico, sentara-se um pouquinho no chão, ninguém tava vendo mesmo, e, então, sentindo-se com a cara molhada de água daquele banheirinho que nada custara, mas a refrescara, em algum momento viu estrelinhas desenhadas em carreirinhas de pó da farinha da vovó, da vovó... lá do interior de Santo Cristo. E, com derramadas felizes lágrimas não resistiu. Assim como cheirava as rosquinhas da vovó de Santo Cristo, feliz e lenta levou seu nariz à tampa do baldinho, do vaso sem flor, do vaso sanitário; e cheirou todas as estrelinhas de farinha de pó de arroz. Sentiu o significado do nome da lancheria, seu olhos brilharam com infinita e segura energia. Seu corpo brilhava, seu ventre estava seguro, sua dose que acabava com a sede se repetiria cada vez mais, pelo resto da manhã, pelo resto da tarde, até as estrelas de verdade tornarem-se demoníacas luzes em sua estreia na casa da cor laranja em tom bem cítrico. Chegaram náuseas e a tampa do vaso é apenas vaso sem tampa, tempo de vomitar o que não deveria ter bebido, tempo de expurgar o que não deveria ter cheirado, tempo para lavar a goela. Tempo para sair cambaleando, para lembrar o endereço da pensão do seu deputado, para tomar o ônibus da manhã e voltar para o interior, sem saber do que tinha experimentado. Nem todas as aventuras são tão sem graça, mas as outras são cheias de desgraça. Salvei minha personagem ingênua que na maioria das vezes por não ter dinheiro para tomar um copo d'água é invertida, imersa em cocaína, aborto, prostituição, sem nada dever, a não ser pela falta de informação! Quem tem vergonha na cara que ao invés de fazer piadinha sem nenhuma categoria, que pare de mirar seu próprio umbigo e salve a sua! A sua bisavó; a sua avó, a sua mãe, mas acima de tudo, a sua filha! Quem pode bater no peito e dizer:


- Ela jamais irá se arrastar como uma prostituta? Quem pode? Sim, normalmente, as damas da noite são mais felizes que seus pais. Afinal, eles são o cabaré. Portanto, mais respeito às prostitutas e total condenação ao tom laranja bem cítrico dos corações de vossos sagrados pais. Sagrados pais, sempre cordeiros das mais devassas famílias. Amém!


Não repare na forma do texto, na audaciosa ignorância semiótica do blogueiro, apenas denuncie qualquer tentativa ou fato consumado de agressão a crianças. Com muito carinho a quem luta contra a maldade, fique em paz. Prostituição é a omissão coletiva quem faz.


































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