As pessoas, em geral, atribuem o vocábulo retórica no sentido pejorativo. Vamos a uma rápida análise do termo. Na disciplina de Teoria da Comunicação é elementar: "Quando acusam um texto de retórico, querem dizer que ele é vazio, desnecessariamente enfeitado, cheio de expressões e frases de puro efeito. A preocupação retórica aqui, é algo muito diferente, pois se refere ao planejamento cuidadoso das estratégias e dos recursos que devem aparecer no texto, para que consiga causar o efeito desejado junto ao leitor - quase sempre o de convencer e persuadir. O que se entende por retórica desde a Antiguidade Clássica é exatamente essa avaliação prévia - mesmo que seja por um exercício de imaginação -, que precisamos fazer, antes de escrever, de todas as circunstâncias envolvidas na situação particular: Quem vai ser o leitor, que posição ele defende, o quanto ele conhece o tema que está sendo tratado, que relação existe entre autor e ele (de mando ou subordinação), que vantagem (ou desvantagem), tem o ponto de vista que o jornal defende, e assim por diante. A cada novo texto, essas circunstâncias devem ser redefinidas, pois são elas que vão determinar o que deve ser escrito, o que deve ser ressaltado, o que deve ser deliberadamente camuflado, que linguagem deve ser usada, que estratégias escolher". Baltazar Gracián, o famoso erudito espanhol do século XVII, tão criticado - e ao mesmo tempo admirado - por J.L. Borges, fazia essa recomendação em El Discreto, um guia de elegância e eloquência para o homem da corte: "Quando escrevemos, o importante é pensar no destinatário, pois num banquete é necessário satisfazer o gosto dos convidados, não dos cozinheiros". Não existe, portanto, um tipo de discurso de valor universal, apropriado para toda e qualquer situação, uma forma de escrever que possa ser usada como chave-mestra de hotel, que abre todos os quartos. É sobre esse tema que o livro de Túlio Martins editado e comercializado pela editora Ática, desmascara a intenção de colocar a venda de informações acima da arte de informar. O título? Português para Convencer.
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