A francesa Michelle Perrot, professora emérita da Universidade de Paris, é reconhecida como uma das maiores intelectuais da atualidade, com vasta obra literária, em 2007, lançou o inesquecível Minha História das Mulheres (Editora Contexto, 192 páginas). Ela descreve a trajetória feminina pelos séculos, vence o desafio de escrever em linguagem simples uma análise instigante. Natural para uma das precursoras do movimento que consolidou uma historiografia feminina. Em mais de 30 anos de pesquisa, recuperou a história das mulheres do Ocidente em livros lançados em parceria com Georges Duby. Foi o resultado desse trabalho que Michelle introduziu nas ondas da Rádio France Culture, em um programa de imenso sucesso, gerador do livro Minha História das Mulheres. Inicialmente, aborda dificuldades que distanciaram por muito tempo as mulheres dos livros e dos proibidos relatos do passado. E refaz esse percurso como pesquisadora. Perrot comenta a falta de fontes e documentos sobre mulheres, pois elas mesmas queimavam seus escritos ou seus parentes se desfaziam, após suas mortes - afinal eram só coisa de mulher. Os relatos sempre falam do que "eles" fizeram, conquistaram, descobriram, viveram, ficando a possível presença feminina ocultada em um pronome, que dependendo do idioma, admite plural só no masculino. Seguindo o curso da História das Mulheres, partindo do íntimo e do privado, Michelle Perrot dedica um capítulo ao corpo, ao imperativo da beleza e à amabiguidade de sujeição e poder. Essa dubiedade é demonstrada exemplarmente na longa cabeleira feminina - "a glória para a mulher" -, de acordo com o apóstolo Paulo, em sua célebre carta ao Coríntios, sinal de emancipação para as jovens dos anos doidos, entre 1920 e 1930, ou indício de perigo para as culturas que decretam a obrigatoriedade do véu. Perrot também abre espaço às insurgentes, que foram acusadas de feitiçaria, julgadas por fazer motim, desdenhadas por brigar para entrar na universidade, votar ou mesmo criar. Assim como as mulheres foram alargando seus domínios, também a historiografia, que passou a problematizar o papel feminino no espaço público, no trabalho, na política,na guerra e na criação. Uma história eternamente inacabada, pelo tanto que se perdeu por falta de registros, mas, principalmente, pelo muito que as mulheres têm ainda a fazer. Pesquise sobre as obras de Michelle Perrot e enriqueça sua biblioteca. Encomendar e receber livros pela internet é muito fácil.
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