quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Assaltaram a ética






A esperança pode ser um reflexo da célebre frase espírita "O homem é livre para semear, mas escravo para colher". As sociedades sul-americanas foram desenvolvidas sob o calabouço do colonialismo até o final do século XIX e meados das décadas do período de 1900 a 1950, posteriormente sublocadas por ditaduras cruéis. Essas mesmas populações adentraram passivamente no século XXI - ainda que com bandeiras minoritárias - contra o neocolonialismo alicerçado nas mais poderosas armas de dominação socioeconômicas. A internet globaliza e estimula um certo inconsciente coletivo universal, condecorando o capitalismo a qualquer preço, afundando as políticas de integração regional. Nesse maremoto socieconômico surge - não por acaso - o gigante chinês sempre ávido em garantir sua estratégia de desbancar a supremacia dos Estados Unidos e seus aliados europeus. Enquanto mandatários internacionais agem sobre a complexidade da mídia e estancam nascedouros de outras formas de poder, o Brasil ainda amarga participação de um e mais um pouquinho por cento no comércio mundial. E seu povo sem ou com bolsa? Vive com fome de consumo, enquanto é engolido pela estética das Giseles, Daianes, Ronaldos, Rodrigos, Julianas, e de outros produtos mais. Pequenas regalias a um povo formatado para ser tão explorado.


O Brasil dos sonhos da última campanha eleitoral nacional, inicialmente, viu-se amarrado pela própria teia armada por antigos arquiinimigos dos interesses nacionais e do presidente eleito com maioria absoluta. Num segundo momento, aparentemente, começou a debater-se com a estupidez de duas quadrilhas disputando o direito a verdade - como se existisse um único dono. O lamaçal dos noticiários chegou a estremecer com pseudos-revolucionários que gozaram de todas as mordomias do Planalto Central. Posteriormente, o escandaloso passou a ocupar lugar comum. A motivação politiqueira chega a ser infantil: bateram demais na mesma tecla, mas não desmontaram a máquina. Como nos tempos da ditadura militar não havia maturidade para eleições diretas, agora inexiste clima para a Justiça fazer valer sua missão de defender o estado de direito, onde corrupção e tráfico de influências são inimigos de quem trabalha sem vender sua consciência.


Inútil e fútil acreditar que os políticos de plantão - sempre os mesmos até que a morte nos libere desses sugadores - serão os agentes de uma mudança maior rumo ao crescimento sustentado e das demais exigências de um planejamento eficaz, que ataque a raiz dos problemas ancestrais e estanque a sangria moldada por impostos, bancos, agiotas, oportunistas e senhores do tráfico internacional. Afinal, o país está numa encruzilhada ética e não deve se render aos tão bem vendidos valores estéticos. Não basta ser bonito, é preciso ser bom. É insuficiente um belo discurso voador, migalhas populistas de bolsas para os ignorantes sempre tão incapazes de evitar o paternalismo imposto na terra brasilis por Getúlio Vargas.


Somos o apêndice de uma grande organização financeira internacional, capaz de colocar sob júdice nossas riquezas, nossa biodiversidade, nossos resquícios de liberdade. Talvez, por essa face do dólar, digo da moeda, não restem alternativas heróicas a quem ocupa a presidência do país - só na mídia que engoliu o jornalismo investigativo, transformando urubus em águias. Como facção importante desse jogo de dominação, somos forte tentáculo à extensão imperial das megacorporações na América Latina. A vida repudia e o Haiti acaba aqui. Tem como negar? Felizmente, há Evo Morales contra a coordenada exploração brasileira. Quem nunca saiu deste país para conhecer nações da Cordilheira dos Andes que experimente. Abaixo dela, basta passar pelo Paraguai, Uruguai, Argentina e arredores. Cadê a integração via Mercosul? Porque somos tão odiados? Benesses com o Haiti para demonstrar a tal bondade do país que vive sem guerras, de fato enganam a maioria absoluta da população verde-amarela planejada há muito tempo para ser boiada de analfabetos funcionais. Ora, se não tem mais jeito de enfrentar a globalização, enquanto esse país esconde seus analfabetos e importa chips desenvolvidos com nossa "madeira de lei", definitivamente a estética derrotou a ética. E brasileiro sabe o que é isso? Não! O negócio é bolsa, ou melhor, botar na bolsa!

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