quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

MANDE A P... QUE.P.....


Você conhece alguém que nunca tenha dito "filho da p....", apesar de não conhecer a mãe do sujeito? Por muitas vezes, a resposta verbalizada às emoções sai como uma trovoada, um palavrão. Nada a ver com falta de educação. De François Rebelais à Bíblia, de artistas a ilustres (raros) políticos, é dificílimo evitar. Essa dita linguagem sem filtro aproxima gênios de indivíduos comuns. Por isso, é utilizada por grandes autores e intelectuais para exprimir emoções em modo não convencional, mas eficaz. Os palavrões servem para ligar conceitos de sensibilidade popular ou para representar de forma direta e livre aspectos da vida humana.

Autor do livro "Palavrões - Por que Dizemos, o que Significam e que Efeitos têm", em tradução livre, o jornalista e linguista italiano Vito Tartamella decidiu investigar este modo particular de expressão e produziu um tipo de manual de palavrões. Confessa que mais lhe apaixonou foi o fato dessas palavras comprometerem muitos campos do saber com linguistica, psicologia, direito, literatura, neurolinguistica, cinema... Para os moralistas de ocasião, bom destacar que palavrões são formas linguisticas ímpares para se expressar uma emoção. Isso porque no cérebro, o turpilóquio (denominação para as expressões obscenas) funciona como um tipo de sistema de alarme que vigia o hemisfério direito, responsável pelo pensamento emotivo e onde são arquivados os palavrões.

A pesquisa sobre a área cerebral que controla o turpilóquio nasceu com os estudos neurológicos sobre afasia (perda da fala): foi observado que alguns pacientes que perderam a capacidade de falar devido a uma doença ou trauma cerebral mantiveram intacta a capacidade de praguejar. Os palavrões, assim, seriam uma espécie de lado B do pensamento. E a atitude de xingar alguém ou expressar um sentimento em uma expressão curta traz muitos significados. Uma ofensa dita no trânsito ou o cumprimento a um amigo com uma palavra chula pode dizer muito sobre o indivíduo e a sociedade em que ele vive.

Um estudo da Escolal de Psicologia da Universidade de Keele, na Inglaterra, constatou que falar palavrões pode diminuir sensações de dor física. No estudo, liderado pelo psicólogo Richard Stephens, 64 voluntários colocaram suas mãos em baldes cheios de gelo, enquanto falavam um palavrão escolhido por eles. Em seguida, os mesmos voluntários deveriam repetir a experiência, mas, em vez de dizer palavrões, deveriam escolher uma palavra normalmente usada para descrever uma mesa. Enquanto falavam palavrões, os voluntários suportavam a dor por 40 segundos a mais, em média, além de sentirem menos dor. O que está claro é que xingar provoca não só uma resposta emocional, mas também uma resposta física.

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