quinta-feira, 10 de junho de 2010

COLUNA ROGÉRIO ANÉSE NO JORNAL A FOLHA


Da crise à euforia

Os dados divulgados esta semana pelo IBGE, dão conta de um crescimento de 9% do PIB no 1º trimestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009. Este crescimento foi o maior desde 1995 e mostra que a economia brasileira conseguiu emergir da estagnação de 2009. O crescimento foi influenciado em grande parte pelo crescimento industrial e do consumo, fruto das políticas adotadas em 2009 pelo governo federal, como a redução dos impostos (principalmente IPI), expansão do crédito e aumento do gasto público. Estas políticas fizeram com que a renda da economia não diminuísse de maneira acentuada, como nos países desenvolvidos (centro da crise) e os empregos fossem mantidos. Em 2009, foram gerados 995.000 postos de trabalho, principalmente pelas micro e pequenas empresas.
Como se observa, a economia brasileira mostra robustez quanto aos instrumentos de políticas macroeconômicas para enfrentar crises externas, e mostra que a opção pelo mercado interno foi decisiva para a retomada do crescimento e, talvez, esteja menos vulnerável quanto a novas crises que se avizinham, em virtude dos problemas enfrentados pela Europa. Mas, toda a euforia deve trazer um pouco de cautela, pois crescimento muito elevado pode desencadear aumentos nos preços, principalmente se o mesmo for puxado pela demanda (compras) e não pelo investimento, como o observado nos dados que foram divulgados. Assim, podemos ter a volta do fantasma da inflação, que foi captada por índices nos primeiros meses do ano. Ao que parece o Banco Central está atento e elevou a taxa básica de juros (SELIC) em mais 0,5 pontos percentuais, passando de 9,75% ao ano, para 10,25%. Esta elevação combinada com a verificada na reunião anterior, de 0,5 pontos percentuais, mostra a rigidez e a seriedade das autoridades monetárias, mesmo num ambiente de disputa eleitoral.

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