quinta-feira, 6 de maio de 2010

COLUNA DE ROGÉRIO ANÉSE NO JORNAL A FOLHA


A crise européia

Nos últimos dias, o mundo econômico ficou apreensivo quanto aos desdobramentos da crise fiscal que a Grécia está enfrentando e de que forma a ajuda de mais de US$ 100 bilhões, disponibilizados pelos demais países da Europa, poderão resolver o problema. A questão da Grécia é emblemática para a União Européia e para o capitalismo mundial, por alguns fatores: a) com a crise financeira de 2008 e 2009, muitos países tiveram que gastar quantias consideráveis de dinheiro público, para socorrer bancos e empresas, aumentando assim o déficit público (diferença entre receitas e despesas públicas), o que elevou o risco dos títulos das dívidas destes países, afugentando os investidores. Este é caso da Grécia, Itália, Portugal e Espanha. Por isso, o temor que o caso grego seja apenas uma parte do problema; b) Como a União Européia trabalha com moeda única, o Euro, os países individuais não podem desvalorizar suas moedas, ou aumentar as taxas internas de juros, para atrair investidores e contrabalançar o efeito do déficit público. Esta decisão é tomada de forma coletiva pelo Banco Central Europeu e afetará todos os países da zona do Euro; c) o risco de a crise se estender aos demais países pode comprometer toda a economia européia, já enfraquecida pela crise financeira, o que afetaria todos os demais países, que têm negócios com a Europa e poderia forçar uma desvalorização do Euro, prejudicando as exportações para aqueles países e; e) O que vimos neste momento são desdobramentos da crise financeira mundial de 2008 e 2009, ou ajuntes que são inevitáveis e que ainda serão sentidos ao longo dos próximos anos.
Mas, pelo que parece os demais países europeus (principalmente, França, Inglaterra e Alemanha), estão dispostos a socorrer os vizinhos, não como um princípio de solidariedade, mas como um requisito de sobrevivência. Aguardemos, pois, os desdobramentos e os novos humores do mercado, quanto à eficácia do pacote para a Grécia e qual o futuro dos demais países ameaçados, em especial Portugal.
No caso brasileiro, apenas uma crise com proporções continentais (toda e Europa), poderá nos afetar de forma significativa, mas o Banco Central Brasileiro está atento e sinaliza a intenção de manter a política fiscal e monetária sobre controle, mesmo em ano eleitoral.

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