domingo, 31 de janeiro de 2010

Célebre na Europa, anônimo no Brasil


Único estilista brasileiro na Semana da Alta-costura de Paris que encerrou quinta-feira, 28, Gustavo Lins largou o curso de Arquitetura, que iniciou aos 45 anos, para dedicar-se a imaginar simetrias que vestissem a mulher e também os homens como se ambos se movessem de cabeça para baixo. Assim construiu modelagens sempre em forma de T. Se abrirmos os braços andando normalmente estamos nessa forma, mas para alta-costura de mestres como Galliano, Armani, Givenchy, dentre outros a quem emprestou sua vasta imaginação, a história funciona de forma diferente, assimétrica. Para resumir, criou sua própria grife e atingiu a condição de celebridade num grupo seleto, onde as tendências de moda começam e são delineadas por quem tem elevado conhecimento de formas arquitetônicas, matemática, física e química para destilar a composição dos tecidos mais caros do planeta em que raras mentes conseguem adentrar. Suas criações foram além da Semana de Alta-Costura de Paris 2010, estão no Museu Joyce - um dos mais requisitados de Paris.














Forrozeiras topam golpe publicitário


O grupo de Forró "As Apimentadas" que ficou conhecido, após gravar vídeo clipe de seu primeiro single "O Melô da Cadelinha" nuas no Centro de São Paulo, causou polêmica ao divulgar um ensaio, onde aparecem cobertas pela bandeira nacional. O ensaio feito para divulgar a segunda música do grupo - Melô do Dinheiro na Cueca -, foi postado no site de relacionamentos Twitter e tornou-se alvo de críticas de usuários, que julgaram o ensaio desrespeitoso. O grupo de forró composto somente por mulheres foi capa da Revista Sexy de novembro de 2009. Melhor se tivessem dispensado a bandeira. Mas, quem nega que conseguiram aparecer e divulgar o tal novo melô? Enquanto brasileiros e brasileiras fazem sucesso na Semana de Moda da Alta-Costura de Paris, a exemplo do único estilista brasileiro que integra o seleto grupo de maiorais, o mineiro Gustavo Lins, nossas aborígenas... Dispensamos o preconceito, mas bom gosto não faz mal a ninguém. A próxima postagem é para deletar essa atitude nem um pouco artística, mas muito reveladora de costumes bem arraigados na publicidade de ocasião.




Armani, o melhor da Semana de Paris

Sob encomenda exclusiva com volume e cristais. Gala

Longos para noivas modernas



Vestidos curtos futuristas





Tailleurs com saia





Terninhos recriados com blazers
Encerrou quinta-feira a Semana da Alta-Costura de Paris, a "haute-couture" já teve três mil clientes fixos, na maioria absoluta mulheres que podem pagar fortunas por modelos exclusivos. Para especialistas em editoriais de moda, hoje, é arte que garante muita fama aos criadores e um indicativo para o comerciável prét-a-porter. Crise nos Estados Unidos e na Europa, outros tempos. Embora a maioria dos estilistas que mostraram seus hits em 42 desfiles aposte no luxo total, Giorgio Armani foi o mais aplaudido com releituras, que realçam a sedução de toda mulher poderosa, mas que mantém a feminilidade, dispensando a loucura cênica dos demais.
Trouxe os clássicos terninhos, recriados com blazers cheios de formas modernas. Os tailleurs com saia também aparecem em tecidos brilhantes e formatos arquitetônicos, quando dão novo look à peça para mulheres mais que poderosas. Vestidos curtos ganharam ar futurista. Os longos, reis da passarela, prontos para uma noiva moderna. O volume e a aplicação de cristais fazem os vestidos de gala ficarem mais impressionantes. Vamos ver o que dirão especialistas, mas basta um pouco de conhecimento global, economia da indústria têxtil para saber que a coleção Giorgio Armani é quem inspira todas as estações de 2010/2011.














sábado, 30 de janeiro de 2010

Asfixiados pela Corrupção


O jornalista Laurentino Gomes responsável pelo best-seller "1808" - livro sobre as transformações provocadas pela chegada da família real portuguesa ao Brasil - defende que uma das causas do descaso com o dinheiro público no país está na distância histórica entre a população e as instituições públicas. Indica duas razões principais: as obras não necessariamente são feitas tendo em vista o interesse público. Às vezes, é uma forma de conseguir financiamento de campanha eleitoral. Obras são argumentos para criar despesas públicas e, depois, usar parte desse dinheiro em campanha. A segunda razão é a falta de continuidade administrativa, de uma visão estratégica de longo prazo. Cada governo que entra tem um planejamento diferente da administração anterior, e não há continuidade de soluções estratégicas do ponto de vista do interesse público. Essa visão de curto prazo é uma característica permanente na história do Brasil, especialmente a partir da República. As decisões e os programas de governo têm visão imediatista. O Brasil é uma sociedade com grandes dificuldades em formar consenso e soluções de longo prazo. Porque é uma sociedade que não está habituada a construir seu futuro de forma estruturada. O exercício da democracia é muito recente. Um período continuado de democracia só aparece nos últimos 30 anos. O restante é uma história de tutelagem, de um grupo tentar se impor perante os demais. As soluções nunca levavam em conta o conjunto, mas apenas grupos específicos que em determinado momento conquistaram o Estado. A conquista do Estado sempre tinha o interesse de grupo à frente do coletivo. Assim, o brasileiro não se sente dono do dinheiro público, pois há nítido estranhamento entre a sociedade e o Estado. É uma herança da colonização e da monarquia. Quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, ela constroi um Estado de cima para baixo, sem a participação da sociedade brasileira. Naquela época, dois terços da população eram escravos, mulatos, negros forros, todos completamente à margem de qualquer oportunidade.


Aconteceu o contrário na sociedade norte-americana, onde primeiro ocorreu a constituição de uma sociedade protestante, alfabetizada e com alto senso de participação comunitária. Depois de 1776, com a Independência essa sociedade criou seu próprio Estado republicano e democrático. No Brasil, ocorreu o oposto. A corte de Portugal chegou e encontrou um país dominado pela escravidão e analfabetismo. As instituições foram criadas à margem da sociedade, por isso as pessoas nelas não se reconhecem. Os brasileiros olham de fora. Os cidadãos não se preocupam em discutir o orçamento, nem sua execução. Há muita revolta e indignação, mas não há cobrança e participação.


Mas, o país está num caminho inegavelmente melhor. Pela primeira vez, temos austeridade monetária e fiscal, maior transparência na gestão das contas públicas e vigilância por parte do Ministério Público. As pessoas estão vigiando e cobrando. Mas não há milagre. O exercício da democracia é longo, comporta erros. Temos de errar ao escolher um governante e escolher outro. O exercício do voto é um aprendizado. Observar a forma precária como esse país foi construído até agora, nos permite fazer um futuro maior. É para isso que serve a história.


Uma ponte entra nada e lugar algum é uma imagem que provoca quem tenta explicá-la. Por trás das obras inacabas, abandonadas, está um nó que prejudica o atual sistema político brasileiro: a mistura entre interesses públicos e privados, algo que se arrasta desde o período colonial. Ocupante da cadeira número 25 da Academia Brasileira de Letras (eleito em 1991) o jurista Alberto Venâncio Filho se mostra descrente ao tratar do assunto. Chega a indicar a leitura de "Os Donos do Poder", do gaúcho Raymundo Faoro (1925 - 2003). No livro de 1958, o autor mostra como ocupantes de funções públicas se utilizam dos cargos em proveito próprio, sem respeitar as fronteiras entre público e privado. - Quem vai para a política hoje é quem quer se beneficiar, empregar parentes. Em São Paulo, por exemplo, quem é competente vai para a iniciativa privada. O nível político de São Paulo é o pior de todos. Quem não quer se corromper vai para a iniciativa privada que tem melhores oportunidades -, opina o imortal.


Já o ex-presidente do IBGE, o sociólogo Simon Schwartzman concorda com os argumentos de Alberto Venâncio Filho. Ressalta que os políticos buscam cargos públicos para defender um interesse pessoal e não para cumprir uma função pública. Esse político se considera dono do cargo e livre para se apropriar de recursos coletivos. Para ele, a política não é entendida como representação dos interesses do povo, mas é algo de que um grupo de pessoas toma conta. O Estado é apropriado por um grupo. É histórico. Quando os portugueses chegaram aqui era para usufruir das riquezas. O serviço público é um serviço de extração de recursos para benefício próprio.


Esse ciclo histórico não se rompe, na visão do sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bernardo Sorj, porque há uma separação, um afastamento entre Estado e sociedade. O brasileiro não se sente parte do poder público e não cobra mudança como poderia. Além disso, o desenvolvimento do Estado brasieiro que, hoje, concentra 40% da riqueza nacional, amplia a ganância de quem vê a máquina pública como meio de enriquecimento pessoal. Ao "afastamento" de Sorj, o historiador Francisco José Calazans Falcon acrescenta uma possível distorção da visão do brasileiro em relação aos impostos, o que tornaria o dinheiro público uma entidade abstrata. O historiador acredita que talvez a atual noção de imposto seja marcada pelo passado senhorial e patriarcal. - O imposto é uma contribuição, uma doação que a gente faz a uma entidade mítica chamada governo, como nos tempos da monarquia? Uma coisa é ver o imposto como a parte que a cidadania exige de cada um para o interesse coletivo e, ao mesmo tempo, dá o direito de quem paga de fiscalizar o que foi feito com o dinheiro. A outra visão é de pagar por ser forçado, compelido a dar sua contribuição à majestade -. Afinal, o cidadão não tem consciência que está sendo roubado? Não tem memória? É certo que somos cidadãos de período eleitoral, carentes de uma formação voltada e organizada à cobrança. Mas, para Sorj essa suposta amnésia é relativa, ressaltando casos de políticos acusados de corrupção que não são reeleitos.


- Falta memória ao brasileiro, sim, mas isso também tem um lado positivo. Faz do brasileiro um povo otimista, que pensa no futuro e não fica vivendo no passado. Nesse ponto parece que todos os estudiosos citados - e pesquisados - convergem, indicando necessidade de um esforço para mudar as instituições e também nós mesmos, cobrando um dos outros atitudes mais responsáveis e corretas, o país vai melhorar. Precisamos entender como ter menos obras inacabas no meio do caminho, analisar que instituições deveriam ter agido para evitar isso. É um processo múltiplo envolvendo sociedade civil, partidos fortes - e não a maioria de aberrações dos dias atuais - e veículos de comunicação mais críticos, corajosos e menos subjugados. Não existe a bala dourada que vai mudar tudo. A garota do Fantástico não está na sua cama. Reflita e pense muito bem: valeu a pena votar nessa gente? Se a conclusão for não, entenda eleição como um gesto democrático e não jogo de futebol, onde bom é quem vence - ou pior - está na frente das pesquisas do Ibope (e outros piores), até porque o atual presidente do Ibope já foi presidente de time de futebol. E como todo empreendimento trabalha para seus clientes, por sinal o maior é a Rede Globo, essa que se vende a quem assume o poder. Mas, cobra bem caro!


Mestre do Improviso, Jayme Caetano Braun




O mestre do improviso faleceu em 8 de julho de 1999, em Porto Alegre. Passados mais de dez anos de sua morte, quando tinha 75 anos, o inimitável pajador de Bossoroca continua sendo reverenciado como um dos maiores artistas do nosso tempo no Rio Grande do Sul e um homem que estava sempre disposto a defender a cultura e os valores do gaúcho no palco ou longe dele. Era poeta comparável aos de fama nacional, mas seus versos ficaram atrelados aos horizontes do gauchismo. Mesmo assim, a pajada somente foi reconhecida pelo Movimento Tradicionalista Gaúcha (MTG) dois anos após sua morte. A pajada, resgatada por Jayme Caetano Braun, tem raiz cultural na herança lusa da lírica medieval da baixa idade média, dos trovadores galaico-portugueses, dos cantores açorianos e também dos trovadores espanhóis. E nada aconteceu por acaso. Quando em junho de 1958, protagonizou com "Santos" sua primeira pajada, no 2º Rodeio de Poetas da EPC, em Caxias do Sul, estava preparado. Havia presidido no ano anterior, assessorado de Dimas Costa, João Pio de Almeida e Vasco Leria, a comissão de estudos das correntes da poesia gauchesca do 1º Rodeio de Poetas. Essa comissão tratou, entre outros temas, de pajadorismo, epigrama, vultos exponenciais em cada época e corrente, e década farroupilha. Por isso conhecia o caminho que trilhou com talento e sabedoria. Conquistou galpões e palácios, analfabetos e literatos, velhos e jovens, o seu tempo e o futuro. É responsável pelo surgimento de novos pajadores e do chamado Movimento Pajadoril Gaúcho. Tornou-se inspiração para novos pajadores que alargam os horizontes do verso rio-grandense. A nova geração de repentistas em décima do Rio Grande do Sul torna realidade a integração das três pátrias pampianas que tanto Braun sonhou. Atualmente, há discos produzidos com pajadores do Brasil, Uruguai e Argentina, e participações internacionais nesses países, no Chile, na Venezuela, Espanha e Portugal. Seus seguidores levam seu nome a estes e outros países e, hoje, Jayme Caetano Braun é comparável aos principais improvisadores e decimistas do mundo como Índio Nairobi, de Cuba, Carlos Molina, do Uruguai, e Miguel Candiota, da Espanha.
O QUE ELE DISSE
"Por longe que um homem vá, nunca fugirá de si.
A lembrança de um ausente
tem mais força que a presença!
Coração é um órgão nobre,...
que bate do mesmo jeito no
rico como no pobre.
Sem ter direito de comer nem
o que planto, só não entendo é
tanta terra e pouco dono.
Não há mentira,
tampouco meia verdade.
A vida é um crédito aberto
que é preciso utilizar... porque
na conta da vida não adianta
saldo médio.
Lei que a vida promulga essa
gente não revoga.
Não tenho a terra própria
porque a história que eu escrevi
me deserdou no testamento.
Eu preferia morrer se me
chegasse a faltar a vontade de
cantar e o direito de querer.
Era meu tudo que havia na
terra que já foi séria, onde
exploram a miséria e comem a
geografia.
O que trazia alma pura em
todas as dimensões, o Autor
de mil sermões de montanha
e descampado, acabou
crucificado no meio de dois
ladrões.
A gente da minha gente, a cepa,
o tronco, a raiz, posta perante
o País na condição de indigente.
É PRECISO SABER:
Jayme Caetano Braun foi e segue sendo insuperável no improviso rimado, em especial nas pajadas de décima. Dotado de uma memória surpreendente, era capaz de guardar dados assombrantes, como fez em uma das edições do Musicanto de Santa Rosa. Ele leu em 10 minutos, um livreto de aproximadamente 30 páginas, revisou algumas e apresentou cinco noites do festival, improvisando sobre aqueles dados. Jayme era incrível e continuará sendo, para orgulho de seus conterrâneos missioneiros do Rio Grande do Sul.
(Luiz Carlos Borges, músico, cantor e compositor)

Há um poema do Jayme que diz: De volta ao mundo potreiro do meu calvário de penas, onde até as almas serenas precisam não esquecer que mais que muito aprender vale aprender "cosas buenas". Cada vez que contato com seus versos e canções me bate à porta esse ensinamento: a vida há de valer eternamente muito mais pela qualidade do que pela quantidade. Cada verso seu evoca uma esperança, aponta um caminho, deseja um tempo em que todo homem compreenda que um destino não é melhor que outro - que somos todos muito estranhos e sobretudo muito iguais a nós mesmos. E que para cada Martin Fierro há de haver sempre um Sargento Cruz, ombro a ombro pela escuridão e pelas claridades do mundo.
(Vinícius Brum, cantor, compositor e coordenador de tradição e folclore da SMC)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Embaixo do tapete




O livro contém a chave do conhecimento. O jornalista Lucas Figueiredo descobriu um polêmico livro escondido - Orvil -, relatou a história da confecção de um anterior - Brasil: Nunca Mais - e gerou um terceiro - Olho por Olho, os Livros Secretos da Ditadura -. Na soma dos três, em 1,5 mil páginas documentou uma parte imprescindível de nossa história que volta à discussão e eleva a pressão arterial do presidente Lula: os crimes, as torturas, a anistia a criminosos do recente passado brasileiro. No livro-reportagem do jornalista "Olho por Olho, Os Livros Secretos da Ditadura", o leitor salta dois obstáculos e descobre o final da história, antes mesmo de conhecer em detalhes o começo ou o meio. Ao descrever os bastidores dos últimos, mas ainda não definitivos confrontos entre os militares e os grupos de guerrilha de esquerda, mesmo depois da anistia (1979), o autor revela a grande mobilização dos dois extremos para contar o seu lado da verdade. Expõe personagens, destaca pequenas batalhas de cada um dos grupos, desvenda a guerra pela informação, todos querendo vender sua versão como autêntica e definitiva.


A ditadura militar no Brasil (1964 a 1979) foi longa, sanguinária, extremamente ofensiva aos direitos humanos. Do lado dos que sofreram o pisão dos coturnos nasceu o livro Brasil: Nunca Mais, seis anos de trabalho em silêncio absoluto, performance de ourives na organização de um documento de 6.891 páginas. Cada uma ainda contém o carimbo da dor e do medo - 17 mil pessoas sentaram nos bancos da Justiça Militar (de 1964 a 1979), 3.613 foram presas, 1.843 declararam em juízo que sofreram torturas nas prisões, revelando 285 tipos distintos de tortura.


Da confecção do criterioso documentário ao lançamento do livro Brasil: Nunca Mais, sob responsabilidade da Arquidiocese de São Paulo, se passaram três anos. Em 1985, a obra com os nomes de 400 mortos e mais os de 135 presos políticos desaparecidos, chegou às gôndolas das livrarias e bateu na porta dos quartéis como a explosão de uma granada. As Forças Armadas protestaram. Sentiram golpe com repercussão negativa na própria terra, nos EUA e na Europa. Os militares armaram o troco, a retaliação. A resposta seria devolvida com o mesmo poder de fogo, com outro livro, só que com munição mais grossa, letal. Entre 1986 e 1988, no maior sigilo, em torno de 30 homens do Centro de Informações do Exército (CIE), sob ordem direta do então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, trabalhou dia e noite no Projeto Orvil (ou livro ao contrário) e conceberam um manuscrito de 96 páginas e dois tomos. Nele, os militares queriam oferecer ao povo brasileiro a sua versão sobre repressão e luta armanda e apontavam um míssil em direção ao Brasil: Nunca Mais e à esquerda. A ideia nasceu em 1983, nos dejetos do governo do ditador João Figueiredo - que dizia preferir cheiro de cavalo a cheiro do povo brasileiro. O que o Exército e seu serviço secreto esperavam, destruir moralmente a esquerda, não aconteceu. O Orvil ou o Livro Negro do Terrorismo no Brasil jamais chegou às livrarias. Não apenas por conter trechos fantasiosos, que não correspondiam à realidade histórica, como por admitir alguns crimes que as Forças Armadas tentavam ocultar desde os anos mais duros da ditadura. Quinze cópias do Orvil foram guardadas, como acomodadas em mão de pessoas de extrema confiança entre civis e militares. Ao conseguir uma cópia do Orvil, depois de anos de pesquisa sobre o tema, Lucas Figueiredo conta em Olho por Olho... como o ex-ministro do Exército tentou convencer o ex-presidente Sarney a liberar a publicação do livro, mas foi convencido a abortar o projeto que revela o cotidiano de dezenas de grupos de esquerda, além de envolver gente importante, como o ministro Franklin Martins, o governador de São Paulo, José Serra, o cantor Chico Buarque, dentre outros. Não seria interessante ao Exército, por exemplo, confirmar a prisão e a morte de guerrilheiros do PCB na região do Araguaia (Pará) e de outros militantes da esquerda armada, liquidados em diferentes estados brasileiros e no exterior. O Orvil reforçaria assim as suspeitas de que os militares executaram prisioneiros. O livro não toca em tortura ou execução de prisioneiros, classifica algumas mortes como suicídio e diz que o Golpe de 1964 foi um desejo da nação, pois o povo preferiu a democracia à ditadura. Seria civilizado que os dois lados escrevessem suas histórias, falassem de suas guerras e tentassem explicar os erros. Simplesmente porque não podem reinventar a história. Bons jornalistas não permitem.






terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Participação, dever ainda maquiado


O prefeito de Santiago, Júlio Ruivo (PP) procedeu abertura da 4ª Conferência Municipal da Cidade, na Câmara de Vereadores, às 9h dessa terça-feira, com plenário quase lotado por representantes de instituições de ensino como Polo Ulbra Santiago e Universidade Regional Integrada das Missões campus Santiago, além de sindicalistas e líderes de entidades comunitárias. O chefe do Executivo santiaguense assinalou a importância desta edição em âmbito nacional, citando que as anteriores garantiram avanços para o município como a obrigatoriedade da concessionária de serviços públicos, Corsan, estar condicionada a efetivar tratamento de esgoto no município, benefício oriundo das demandas encaminhadas a 3ª Conferência Nacional, via lei 11.445. Também adiantou que nesta quarta-feira, serão escolhidos quatro delegados para representar Santiago na Conferência Estadual das Cidades a realizar-se entre 18 de fevereiro e 18 de abril, para defenderem as demandas definidas neste evento, disposto a que integrem as principais abordagens da Conferência Nacional das Cidades, no segundo semestre, que deverá ocorrer no Paraná. Júlio Ruivo explicou aos participantes que a Conferência está embasada sobre quatro eixos temáticos que serão debatidos, após apresentação por cada palestrante - todos santiguenses - até esta quarta-feira, 27. - Temas como saneamento e meio ambiente devem figurar no centro dos debates, dentre outros problemas locais, já que o município tem 90% de sua população de 51 mil habitantes vivendo na zona urbana, enquanto a média nacional é de 82%. Em breve discurso ainda sugeriu a criação de um Fundo Nacional de Defesa Civil, pois o Estado não dispõe dessa ferramenta apesar das mudanças climáticas, também liberação de recursos do PAC para municípios com menos de 100 mil habitantes, conforme projeto que tramita na Câmara Federal. Depois da manifestação do prefeito, o secretário municipal de Planejamento, Ademar Canterle (foto acima), o arquiteto Hugues Velleda Soares, abordaram temas relacionados respectivamente a Conselhos das Cidades e Efetivação da Função Social do Solo Urbano. Nesta quarta, 27, a 4ª Conferência Municipal prossegue com abordagens do prefeito Júlio Ruivo, graduado em Gestão Pública, sobre "A Integração da Política Urbana no Território" e por fim com o quarto eixo temático "Relação entre os Programas Governamentais" pelo engenheiro civil Laércio Kinzel. Antes do encerramento, previsto para as 14h, ocorre a votação das proposições a serem encaminhadas para a Conferência Estadual e respectivos quatro delegados à Conferência Estadual.

Sexo seguro requer fantasia. Revire-se e... faça!




Filme de Wolf Maia questiona Sexo & Amor

Jorge e Mônica formam um casal sofisticado, de classe alta. Jorge é um renomado escritor que tem o amor e o sexo como temas recorrentes em seu trabalho e mantém um caso com Luísa, professora de seu filho, sem que a esposa saiba. Pedro e Mara formam um casal simples e suburbano, que tem problemas de auto-estima. Mara sente-se velha e com isso perdeu o apetite sexual, o que faz com que Pedro sinta-se rejeitado. Rafael e Paula formam um jovem casal de classe média, que já tem uma filha e esperam para breve um novo filho. Rafael é um pai dedicado e um marido amoroso, mas não consegue resistir a um rabo de saia. Até que um dia, ao chegar mais cedo em casa, descobre que Paula o traiu e, pior ainda, com um amigo. Procure! Valorize o cinema nacional, ou você somente pensa que é brasileiro? Muito legal assistir todas as produções de renome e - dotadas de conteúdo produzidas por megacorporações de outras nações -, mas desde quando sobra espaço em seu cérebro para ser ignorante quanto à produção do seu país, da sua terra, do Brasil respeitado por europeus, norte-americanos, africanos, e quem sabe por extra-terrestres. Valorize você também. O pulsar é um só! Entendeu criaturinha de Deus?

domingo, 24 de janeiro de 2010

Pocilgas do Brasil


O francês Michel Foucault faz "Em Vigiar e Punir" - obra que o transformou em referência mundial - um contundente relato de atrocidades cometidas em nome da lei. O compêndio que retrata em minúcias como o castigo físico foi a regra - e continua sendo - no trato a presidiários, se embasa em pesquisas feitas nos cárceres franceses e ingleses. O filósofo Foucault talvez se horrorizasse e nos chocasse ainda mais se tivesse a oportunidade de pesquisar sobre os presídios brasileiros. Ao festival de torturas e degradações impostas aos detentos, comuns na Europa, as masmorras brasileiras acrescentam historicamente uma perfídia a mais: o racismo. As prisões, aqui, nasceram e vicejaram para castigar os negros escravos - praticamente só a eles. E negra continua a ser a maioria dos seus ocupantes, embora não mais formalmente escrava.
Quem quiser saber mais sobre um sistema prisional que deixaria o próprio Foucault de cabelos em pé (se o francês os tivesse...) deve ler Histórias das Prisões no Brasil, volumes II e III, lançados em agosto de 2009. Em 630 páginas bem distribuídas, 20 autores mergulham na torpe realidade das cadeias brasileiras. São três séculos vistos e revistos à luz de documentos e depoimentos chocantes.
Tome-se como exemplo o Aljube. Antigo lugar para castigo de religiosos pecadores no Rio de Janeiro, o cárcere eclesiástico foi cedido pela Igreja à coroa portuguesa em 1808 e usado para guardar presos provisórios (os que eram detidos em flagrante delito e aguardavam julgamento). Ali ficavam por dias, anos, às vezes décadas. Do ladrão de frutas ao estuprador em série, todos misturados como descreve o chefe da Polícia do Rio, Eusébio de Queiroz Mattoso Câmara, em inspeção realizada em abril de 1833. -Mal arejada, contém perto de 400 pessoas amontoadas, que conservam sobre o corpo pouca roupa, e essa sumamente suja. O pavimento, pela muita lama que é coberto, mais parece habitação de animais imundos do que homens. Os canos para esgoto das águas, por mal construídos, conservam-nas longo tempo empoçadas, o que produz exalações insuportáveis... Uma onça de carne, um vigésimo de farinha e uns poucos grãos de feijão são o único alimento que, de 24 em 24 horas, recebem aqueles miseráveis -, relata Câmara.
Se a situação chocou o homem encarregado de vigiar e punir, não é difícil imaginar quão difícil era ser presidiário naqueles tempos. Ao longo dos dois volumes, organizados por pesquisadores das universidades federais de Pernambuco e do Rio de Janeiro, o leitor fica sabendo que marinheiros rebeldes tinham para si um lugar reservado: o navio-prisão português conhecido como Presiganga Real. Descobre ainda que, apenas no Rio, entre 1810 e 1821 nada menos que 3.147 pessoas foram açoitadas dentro do calabouço (a prisão para escravos), porque ousaram fugir ou se rebelar contra a escravidão.
Certamente que os presídios, hoje, continuam sendo pocilgas, mas alguns avanços aconteceram - como a mudança do regime, possibilitando que gradualmente o detento apenas pouse na prisão e trabalhe durante o dia (teoricamente, na prática são excessões). Ou a permissão para as visitas íntimas, que até o século 20 simplesmente não existiam. Isso fazia da curra um crime cotidiano dentro das prisões. De qualquer forma continuam pocilgas com curras, sim!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Para ser elegante no inverno

































































Esta edição do São Paulo Fashion Week foi além de mostrar o potencial criativo dos estilistas nacionais no universo da moda, adaptaram e chutaram o pau da barraca ao costume arcaico de copiar, copiar e copiar. Evoluíram os estilistas pela capacidade de superação, pesquisa, apoio de iniciativas governamentais do governo Lula. Conseguiram reafirmar o SPFW como quinto mais importante evento de "lançamento de moda do mundo". País que não exporta moda, jamais chega à condição de Primeiro Mundo, que - dispensando a hipocrisia - é a que todo Brasil merece. Para quem pretende dissociar moda de frescura, um bom curso superior de Administração esclarece. Caso contrário, se o internauta for um acadêmico de Administração e ainda não tiver percebido como funciona o comando, o primeiro poder, leia-se moda, melhor trocar de universidade já!

Criadora de mitos em Hollywood


Marlene Dietrich

Edith Head


Elizabeth Taylor



Mae West




Audrey Hepburn















James Dean








Clark Gable e Vivien Leigh









Edith Head é uma lenda, que não está nos livros de história, tampouco nas salas de aula das universidades, exceto, nos cursos de artes cênicas, quando o tema é cinema, sua influência sobre nossas opções em vestir remonta a década de 20. Pelas mãos dessa extraordinária figurinista que desbancou e desafiou todo o machismo da época e foi soberana em lugar antes exclusivo dos homens, nasceram mitos de sensualidade em Hollywood. No decorrer de 1920, um pouco da história de nossos costumes e cultura passou a ser contado através dos figurinos. A frase "as roupas fazem um homem, especialmente em Hollywood" foi levada muito a sério por Edith Head, a figurinista mais famosa da indústria cinematográfica. Expert em estilo, ela participou da produção de 1.130 filmes e assinou o figurino de 136. De 1923 até sua morte em 1981, Edith vestiu lendas, criou estrelas e foi indicada ao Oscar 37 vezes. Levou oito estatuestas por Tarde Demais (1949), A Malvada (Melhor Figurino em preto-e-branco) e Sansão e Dalila (melhor figurino em cores) de 1950; Um Lugar ao Sol (1951); A Princesa e o Plebeu (1953), The Fact of Life (1960) e Golpe de Mestre (1937). Nascida em outubro de 1907, na Califórnia, viveu parte da infância no México. Foi professora de francês e espanhol, mas trocou tudo pela carreira de figurinista. O que não foi fácil. Naquela época, cinema por trás das câmeras era assunto para homens. Edith acabou sendo respeitada por acender a sensualidade das estrelas de Hollywood. Ficou famosa quando transformou a baixinha Mae West em "Uma Loira para Três" (1933). O desafio era enorme. Na época, Mae estava acima do peso e passava uma imagem de vulgaridade. Mas, Head fez um grande milagre ao espremer aquela silhueta pouco atraente dentro do corpete, evidenciando seus atributos com decotes, alças, suaves transparências e muito brilho. Graças a seu estilo inconfundível, o que desenhava para o cinema acabava ditando a moda mundial. Foi Edith, por exemplo, que criou a sereia jet-set de Grace Kelly em "Ladrão de Casaca" e o smoking de Marlene Dietrich para "Marrocos", em 1931. Também vestiu Ingrid Bergmann de homem em "Por quem os Sinos dobram" (1943), fez parceria perfeita com Hitchcock em seus clássicos dos anos 50 e ajudou a esboçar o style inigualável de Audrey Hepburn. Preferida de Elizabeth Taylor, James Dean e de uma seleta constelação de imortais. E como ela costumava dizer, a moda é um idioma. - Alguns a dominam completamente, outros se esforçam para aprender e tem gente que jamais vai entender nada -.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Avatar a caminho do Oscar


Cinema

Globo de Ouro

Na disputa pelo Globo de Ouro 2010, "Nas Nuvens" partia favorito, mas o protagonista George Clooney foi para casa de mãos a abanar, derrotado pelos extraterrestres tridimensionais de "Avatar "de James Cameron e pelo cantor country decadente de Jeff Bridges. Mas Meryl Streep, Sandra Bullock, o nazi tarantiniano de Christoph Waltz, o senhor dos balões de Up, o serial killer Dexter, os publicitários de Mad Men e os liceais de Glee ganharam como se esperava. Depois dos 67º Globos de Ouro, entregues na madrugada de domingo para segunda, no Hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, vai haver quem queira refazer as suas apostas para as nomeações para os Óscares que são daqui a 13 dias - mas, na realidade, a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood portou-se como estava previsto, premiando o sucesso e o estrelato.
Não que não tenha havido surpresas. "Avatar" levou as estatuetas de melhor filme e melhor realizador, apanhando na curva até o próprio James Cameron (que admitiu esperar perder para a ex-mulher Kathryn Bigelow, nomeada por "Estado de Guerra", um dos derrotados da noite). O reconhecimento de um filme que não precisa verdadeiramente de prémios não é surpreendente por parte dos Globos, mas "Avatar", a caminho de se tornar o segundo maior sucesso de bilheteira de sempre, obriga os observadores a repensar o papel que o épico 3D de Cameron pode representar nos Óscares, este ano entregues em 7 de Março.
(New York Times)

Dedicado às leitoras e quem mais tiver...





















Enfim… Johnny Depp, o astro de Hollywood de 45 anos, foi eleito o homem mais sexy do MUNDO, pelo leitores britânicos da Revista Cosmopolitan. Depp venceu George Clooney, 47, que ficou em segundo lugar, enquanto o astro de Brokeback Mountain, Jake Gyllenhaal, 27, terminou em terceiro. Lizzi Hosking, diretor da Cosmopolitan, disse: "Tanto George Clooney quanto Johnny Depp simplesmente continuam a melhorar com a idade."
CLASSIFICAÇÃO E IDADE DOS BAD BOYS:
1. Johnny Depp, 45
2. George Clooney, 47
3. Jake Gyllenhaal, 24
4.Daniel Craig, 40
5. Brad Pitt, 44
6. James McAvoy, 29
7. Justin Timberlake, 27
8. Will Smith, 40
9. David Beckham, 33
10. Wentworth Miller, 36

Calçados masculinos para o inverno 2010

Quando se trata de moda geralmente o público masculino se mantém mais reticente em relação a mudanças, sempre temeroso de perder - ou evidenciar - sua identidade nem sempre tão reflexiva do discurso garanhão. Práticos, os estilistas italianos que continuam a ditar o design adequado ao calçado masculino, inovam sem retirar as cutículas do universo em que mais pesam as aparências. Assim, nada demais na modelagem que vai dominar os pés 'masculinos' no outono-inverno 2010. Confira, afinal, esse é o ritmo.