segunda-feira, 15 de março de 2010

CHICO XAVIER




"Eu sou um cisco." Era o que Chico Xavier respondia às pessoas que o elogiavam. Um cisco, sem a arrogância dos grandes, mas que lhe incomodava, fazia pensar. Chico era um menino diferente, que foi ser gauche na vida, como diria o escritor Carlos Drummond de Andrade. Nascido em Pedro Leopoldo (MG), tinha oito irmãos e era filho de um operário e de uma lavadeira. Aos cinco anos, ficou órfão de mãe e foi entregue à madrinha. Sua iniciação no espiritismo ocorreu, por intermédio da médium Carmem Perácio, que trouxe uma mensagem de sua mãe, pedindo que estudasse os livros "O Evangelho segundo o Espiritismo" e "O Livro dos Espíritos", ambos de Allan Kardec. Em 1931, fez contato com uma figura que mudaria sua vida, o espírito Emmanuel, nome cristão conferido ao senador romano Publius Lentulus, que o convida a trabalhar na mediunidade. "O senhor acha que estou em condições de assumir o compromisso?", pergunta Chico. Emmanuel responde: Perfeitamente, desde que você respeite os três pontos. Qual o primeiro ponto, pergunta: "Disciplina". O segundo: "Disciplina". O terceiro: "Disciplina". No ano seguinte, o jovem de 22 anos psicografa uma obra que espanta intelectuais pela semelhança com o estilo dos autores: "Parnaso de além-túmulo" apresentava 259 poesias de 56 autores mortos, como Artur Azevedo, Olavo Bilac, Castro Alves e Augusto dos Anjos. Com isso, o médium ganhou projeção nacional e internacional. Chico muda para Uberaba, devido a uma transferência solicitada pelo Ministério da Agricultura, onde era datilógrafo. Sua casa torna-se centro de peregrinação. Em 75 anos de vida mediúnica, psicografou 412 livros e vendeu 25 milhões de exemplares. Apesar da intensa atividade, o corpo, consumido fisicamente por diversas doenças, começou a apresentar sinais de desgaste. Aos 92 anos, morre de parada cardíaca o grande líder espírita do país, que sempre se manteve humilde, doando o dinheiro recebido pelos direitos autorais às entidades espíritas e assistenciais. Chico é o grande líder dos 2,34 milhões de espíritas brasileiros, é o segundo autor brasileiro que mais vendeu (25 milhões de cópias), superado apenas por Paulo Coelho (30 milhões). Por ora, pois Chico Xavier é eterno.

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