quarta-feira, 24 de março de 2010

MARIPOSAS DO BRASIL





















Em 1980, 30 mil forasteiros ficaram aficcionados pela descoberta das minas de ouro da Serra dos Carajás, anunciada pelo ministro das Energias, Shigeaki Ueki. Antes da intervenção governamenal ordenada pela Companhia Vale do Rio Doce, pela invasão em suas terras, muitos afortunados e desafortunados em grande maioria sonharam com as pepitas de marajás. Enquanto efervilhava aquela região do Estado do Pará, no seio dos conflitos da maior floresta tropical do planeta Terra, a Amazônica, nas localidades vizinhas agitavam-se mulheres sozinhas, jovens viúvas desprotegidas e sedentas de sexo, a imaginar os músculos dos forasteiros de olhos de outras cores, ávidos pelo prazer de possuir uma mulher em meio a mata próxima selvagem, avassaladores! A montanha atraente às mulheres temperadas com cheiro de selva e com desejo orgástico de serem possuídas não era atingida pela determinação do chefe do Caixa Econômica Federal, o major Curió. Ele determinava que todo ouro somente poderia ser vendido a poderosa organização dos banqueiros agiotas nacionais. Os músculos e a ganância faziam sobressair do suor da busca pela riqueza corpulentos já mais próximos dos olhares das mulheres sedentas por sexo selvagem e, finalmente, estabelecidas em casas de portas, janelas e pernas abertas às pepitas dos novos exploradores da era do ouro do século 20. E como em toda história real, sempre aparece alguém de traços diferentes. No cabaré de Maria Madalena do Rio Grande do Sul, o mais caro daquele período, por contigenciar as jovens - ainda que gordinhas - mais desejáveis e cheias de energia da adolescência extirpada, uma trepada era paga a peso de ouro. Uma pepita por outa pepita. O valor para o garimpeiro já regozijado era esse. Traços diferentes estavam traçados em Maria Madalene e no potente Raimundo, que fingiam desprezarem-se. Mas, de seus corpos sudorentos o desejo não se afastava. Quem sabe em alguma noite ela deixaria de ser a intocável dona do estabelecimento orgulhosamente apelidado de Casa do Desafogo, para sentir-se também mulher, tudo que suas meninas podiam, e ela queria mas não podia. Só se fosse com o Chico do Curió, daí sim, tiraria a roupa sem nada cobrar. Olhos azuis têm esse poder, e ela não estava acima dos sonhos noturnos com o cajado. Enquanto Maria Madalena sonhava com a predileta noite de afagos, amor e penetração pelo suor do macanudo garimpeiro, uma mariposa havia escapado da selva e estava linda, vestia um deslumbrante vestido tomara-que-caia de uma cor azul celestial aplaudida pelos viventes ancestrais de toda a floresta. Era reverenciada por todas as espécies que povoaram a Amazônia de meu Deus e da zona do Pará. Ela se contorcia em bailados divinos entre as centenas de altura das milenares espécies de árvores ancestrais, fingia sucumbir do Rio Negro às águas do infinito Amazonas. Fora e voltara diversas vezes, absorvida pela intuição de nunca temer o seu habitat. Mas, eis que de repente vê luzes da Casa do Desafogo e esquece os conselhos de sua mamãe: Afaste-se sempre das luzes, afaste-se! Tome o brilho do luar, encante com sua valsa, mas jamais fique perto das luzes artificiais. Ela teimou, enquanto tocava Alcione na vitrola, no trombone, o tomara-que-caisa da mariposa caiu, estraçalhado, rasgado, enquanto seu corpinho se desmantelava ao rodopiar já enlouquecida pela artificialidade da força da luz. Artificial. Minha filha jamais aproxime-se das luzes da cidade, disse a mãe, a mariposa menina não ouviu. Qualquer semelhança com a realidade humana bem distante da selva não é mera coincidência.





Jamais aproxime-se das luzes da cidade, dos vagalumes artificiais, saiba apenas que ao contrário da lua, eles te aprisionarão, ecoava na selva repetidamente os berros de jamais te deixarão voltar, teu vestido se transformará em pedaços e uma forte batida esmagará tua vida, acabará com tua juventude. Essse erro vai te matar, alertara mais uma vez a mãe sábia, implorando em nome do equilíbrio da floresta, - Um ser vivo morto quebra toda a cadeia de sobrevivência alimentar de nossa floresta. Muitos morrerão com tua queda fatal. Cada ser vivo integra a mais completa cadeia alimentar e de sustento ecológico do planeta Terra. Cada pisada imunda do garimpeiro extermina uma veia da mãe Amazônia. Assim, a floresta vai acabar sem madeira, sem milenares árvores, enfim, até a derradeira descoberta de todas as riquezas que produzimos para manter o oxigênio, a límpida água -. Mas, a tragédica começou com Curió, ele abriu Carajás e, em breve, será aberta a fratura exposta do fim. Estraçalhada a mariposa tão bela morreu pelo encanto das luzes da cidade, da casa de Maria Madalena, enterrada ontem. Ela partiu para ser feliz e viver muito mais, entretanto esqueceu que mariposas não podem apaixonar-se, não podem sentir as luzes em meio à escuridão, somente os sedutores músculos sobrevivem para usurpar, para matar. Sem tempo ou espaço para beijar. Voara como a mariposa que não podia sonhar. Morreu diante de tão pujante selva. Outros tempos, hoje, quem agoniza são as árvores, o coração da floresta, pois as mariposas aprenderam a dançar ao redor. O extermínio da maior floresta tropical tripudia seus filhos, mas a natureza reage firme. E a vida das espécimes prosseggue bem distante de Curiós. Após a escandalosa morte da mariposa que sacudiu ambientalistas de todo o planeta, surge a figura do presidente do país que perdeu uma das mulheres indicadas pela ONU, como capaz de salvar o planeta, Marina da Silva, atual candidata à presidência da República pelo Partido Verde (PV). Recomeçando a desenrolar o fio da meada Carajás engolido pela ditadura militar podre e saqueadora, em meados da década de 80, a milicada enterrou riquezas inimagináveis e, agora, o petista presidente Lula agenda visita a Serra Pelada, codinome da outrora maior mina de ouro do planeta - Carajás. Dispostos a exigirem seus direitos de bandeirantes, eles acompanham os passos do presidente. Acompanho também:










Lula irá a Serra Pelada somente no começo de abril
Ajustamento de agenda impediu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ir a Serra Pelada na sexta-feira, dia 26. A informação é de Brasília, de fonte ligada ao gabinete da Presidência. Como de conhecimento público, o presidente, juntamente com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, iriam a Curionópolis, nesta sexta, dia 26, para a entrega aos garimpeiros do Alvará de Lavra, documento que viabiliza a mineração da lavra mecanizada, a ser explorada em joint-venture com a empresa canadense Colossus Minareis Inc, especializada em ouro. A principal alavanca para que o projeto saísse do papel depois de anos de espera foi a aprovação do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), e aprovado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA). Com o EIA-RIMA em mãos, os garimpeiros já aguardam a possibilidade de que no máximo em um ano, o garimpo mecanizado comece a extrair as toneladas de ouro que constam no projeto como ainda passíveis de serem retiradas dos hectares pertencentes à Coomigasp. Além do ouro existente em Serra Pelada, há a perspectiva de que sejam extraídas também 6,8 toneladas de platina e 10, 6 toneladas de paládio - um metal branco parecido com a platina e que tem diversas utilidades na indústria química, farmacêutica e petrolífera, além de muito usado na medicina dentária. Em Brasília, se trabalha agora para um agendamento da data nos primeiros dias de abril, possivelmente, após a Semana Santa. A vinda do presidente Lula há muito tempo é articulada junto ao Ministério das Minas e Energia e ao Gabinete da Presidência, pelo presidente da Coomigasp – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada, Gessé Simão, que informou ontem que estava tudo preparado para a chegada do presidente e do ministro Lobão. Trinta mil bandeiras estão confeccionadas para saudar o presidente e sua comitiva, disse. "Cinco mil colchonetes estão comprados para abrigar os que precisarem de alojamento e cento e cinco mil ‘bandecos’ para a alimentação". Foram construídos ainda diversos barracões para alojar os participantes. Em Curionópolis está tudo arrumado! E isso só é possível graças à participação desse grande homem chamado Edison Lobão, que deu incalculável contribuição para que todas as etapas e desavenças que desde 1992, quando o garimpo foi fechado, impediam os garimpeiros de serem beneficiados com uma posse que sempre lhes pertenceu", destacou Gessé Simão. "Temos que lembrar e agradecer também à governadora Ana Júlia Carepa e ao prefeito, Wenderson Chamon Azevedo (Curionópolis), aos nossos companheiros de diretoria e aos nossos filiados da Coomigasp, incansáveis e crentes que nossa luta seria vitoriosa. A Coomigasp será anfitriã de um grande evento, voltado para a classe garimpeira e para o presidente Lula", finalizou. Fonte: O Progresso

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