sexta-feira, 2 de abril de 2010

CINEMA

Coração Louco
A primeira cena de Coração Louco (Crazy Heart, 2009) resume a vida que leva o protagonista do drama. Embalado em música country, um carro percorre grande distância. Quando chega ao seu destino, um boliche decadente no meio do nada, sai dali a estrela da noite: Bad Blake (Jeff Bridges), com seu chapéu surrado, o cinto desafivelado, calça jeans aberta, camisa rasgada no cotovelo e um galão cheio de um certo líquido amarelo que ele despeja ao lado de sua picape vermelha enquanto amaldiçoa o seu empresário.
Blake, que já foi mais famoso, ainda consegue atrair um certo público aos shows que faz nessas cidades minúsculas do sul dos Estados Unidos. O único que parece indgnado é Blake, que se reconhece como uma estrela já quase sem luz própria e busca algum consolo no fundo de uma garrafa. Mas, raramente dorme sozinho em moteis baratos. Em um desses momentos em que é tratado como estrela da música, é requisitado para uma entrevista. Quando Jean (Maggie Gyllenhaal), repórter do jornal de Santa Fé, entra em seu quarto, ele se apaixona pelo jeito meigo e seus briilhantes olhos azuis. Ela se encanta com o charme do velho artista, que continua jantando e acendendo um cigarro no outro com a maior naturalidade, mas encerra a entrevista quando sua vida pessoal surge na pauta. Não comenta sobre sua antiga parceria com o atual "queridinho" do country, Tommy Sweet (Colin Farrell), nem fala de sua família.
Jean, que cuida sozinha de seu filho, sabe dos riscos de uma relação com Blake, mas não consegue resistir. E assim, vai descobrindo mais sobre os casamentos que não deram certo e o filho que ele não vê há mais de 20 anos. Ao mesmo tempo, Blake recebe o convite para um grande show. O problema é que ele teria de engolir seu orgulho e abrir a apresentação de seu antigo pupilo. Os dilemas pessoais, a derrota para o álcool, a vida na estrada, enfim, todo o drama é encarnado em cada pelo branco da barba de Jeff Bridges, que prova o tanto que Blake apanhou da vida. É também a figura da decadência da produção musical de um gênero que sobrepõe o lucro sobre a criação visceral.

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