domingo, 27 de junho de 2010

"OS HOMENS QUE ENCARAVAM CABRAS"

Título do livro do jornalista Jon Ronson, lançado no Brasil no ano passado, que gerou a comédia homônima dirigida pelo ator Grant Heslov com George Clooney e talentos do peso de Jeff Bridges, é uma ótima opção de leitura para quem gosta de aventurar-se nas loucuras entre ficção e realidade. "Os Homens que Encarnavam Cabras" induz à reflexão sobre notícias intrigantes da tomada do Iraque pelos Estados Unidos, como o fato de nas celas iraquianas a música predominante ser o tema do programa infantil "Barney e seus Amigos". Parece bizarro, mas nada acontece por acaso em uma guerra. Assim, vem a abordagem do Batalhão da Terra, formado por militares com poderes paranormais capazes de matar com um olhar as cabras do título. Eles se autodenominavam cavaleiros jedis - como os personagens de Guerra nas Estrelas.
A incursão literária do repórter Jon Ronson vai além dos fenômenos paranormais de militares malucos. Ele buscou generais verdadeiros para desvendar a relação entre o treinamento dos supersoldados paranormais e as torturas nos presos iraquianos de Abu Ghraib - há oito anos. Inegável que beira ao surrealismo, mas o autor não arreda pé de que tudo é verdadeiro. A começar pelo general chefe da inteligência americana com a frustrada mania de atravessar paredes, graças ao poder da mente. Parece Flash Gordon... Em 16 capítulos, o autor descreve como o treinamento aprovado pelo governo Bush, induziu a CIA a incorporar técnicas do Projeto Jedi, para extrair confissões de suspeitos, quando o ex-presidente determinou guerra ao terror, depois do ataque às torres gêmeas (2001).
E o argumento central é forte, pois se nos anos 50 a CIA aplicava heroína nos prisioneiros, para depois privar os viciados da droga e abocanhar confissões, nos anos 60 a 'Inteligência' teria infiltrado o ácido lisérgico nos EUA com a mesma finalidade, obtendo nos anos 70 a adesão dos médicos, que desenvolveram métodos ainda mais sádicos. Ronson encontrou um médico que patenteou um método de tortura sonora. Ele também garante ter conhecido outro, mais apoteótico, que criou um instrumento de tortura parecido com um brinquedo infantil usado no Iraque. Vá saber? Os cadáveres das vítimas já foram consumidos, e o filme homônimo é uma tremanda comédia, que apesar do elenco cheio de astros, estrelas e asteróides, pode ser visto como ironia ao passado tão próximo, ou película de mau gosto, sátira dos maus tempos de supremacia do Império mais bélico do planeta.

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