quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ASFALTO LISO, CICLO DE REPETIÇÕES DE NOSSA POLÍTICA


Publicado em 04/08/2010 às 20h34mi9n - Artigo do leitor Fábio Peixoto Val - O Globo

Uma das características mais marcantes da política brasileira é seu caráter cíclico. Tudo se renova, porém também se repete: escândalos, obras, realizações, corrupção, modus operandi, etc... O cidadão carioca que o diga. A cidade vai se ajeitando como pode, espremida entre a beleza e o caos. Surge uma favela aqui, aparece um choque de ordem ali, uma obra faraônica acolá e, a cada quadriênio, o eleitor traz a sua colaboração, dando o devido prosseguimento ao ciclo na hora da urna.
A atual administração começou com todo o gás, defendendo com unhas e dentes a conveniente estratégia de se tentar pôr algum prumo nesta imensa confusão que se tornou o Rio. E um dos principais símbolos do abandono municipal, a pavimentação das ruas cariocas, torna-se a atual vítima dos manjados e típicos vícios da política.
Sob o atraente nome 'Operação Asfalto Liso', uma grana preta feito betume vem sendo aplicada em um respeitável conjunto de ruas e avenidas da cidade, como há muito tempo não se via. Porém, como tudo é cíclico e as más práticas políticas se perpetuam, a esperança de caminhos melhores esfarela-se tão rápido quanto o novo asfalto.
" Como tudo é cíclico e as más práticas políticas se perpetuam, a esperança de caminhos melhores esfarela-se tão rápido quanto o novo asfalto. "
Qualquer um que circule por alguma das vias recém recuperadas pode perceber que, por trás da propaganda dos galhardetes azuis, descortina-se uma realidade vergonhosa. A qualidade do serviço prestado é tão baixa que parece até proposital, como se mais dinheiro estivesse por vir para as futuras correções e reparos no trabalho já feito.
Há, de tudo, um pouco: buracos, desníveis em tampas, bueiros e diferentes camadas de asfalto, 'costelas', ressaltos... São problemas causados por falhas em praticamente todas as etapas do processo, desde a qualidade da massa asfáltica (que já começa a desagregar em algumas vias), passando pela execução da fresagem e pavimentação propriamente, culminando com o acabamento e sinalização, pois a pintura das faixas não foi refeita na maioria das ruas reformadas.
Como essa megaoperação está a cargo de um punhado de empreiteiras, não é preciso muita perspicácia para constatar que a verba não está sendo bem direcionada e não há sequer algum tipo de fiscalização pelo órgão contratante. Nosso dinheiro não é capim... nem betume!

Um comentário:

  1. Pois então:

    o que não serve para o Rio, serve para Santiago!!(onde, certamente a qualidade dos serviços será menor)

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