quinta-feira, 1 de julho de 2010

COLUNA DE AUGUSTO ANTONIO BIERMANN PINTO NO JORNAL A FOLHA SANTIAGO


Urgência: Sustentabilidade Ambiental
A questão ambiental atual, e por questão ambiental entenda-se aqui não apenas aquilo que se refere ao ambiente natural, ou natureza, mas sim aquilo que se refere ao ambiente como espaço, como locus de convivência e realização humana, vem sendo debatida e pensada ao longo de muito tempo. Contudo, a partir da segunda metade do século passado, tal preocupação ganhou corpo, face aos grandes impactos causados pelo homem ao planeta, escorados numa mudança de pensamento que, ao longo de séculos, retirou da natureza o seu caráter sagrado, orgânico, vivo. O pensamento racional, a fé cega no progresso e na emancipação que a ciência da modernidade prometeu realizar, impulsionou o homem a explorar seu próprio planeta de forma irracional e insustentável, a ponto de comprometer grande parte dos recursos naturais que servem para a sua própria sobrevivência. Perdeu o homem a alteridade, a visão do outro, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, seja indivíduo ou natureza, o que o impeliu ao desrespeito total ao outro, causa de guerras e violência crescentes, além da deterioração progressiva do ambiente. Hoje, falamos em crises. Crise ambiental, crise moral, crise espiritual, e, de fato, todas essas crises existem. Contudo, todas essas crises têm uma raiz, uma fonte comum, que é a crise do modelo de civilização que construímos. Abandonado pelo projeto da modernidade, que prometia a felicidade total, mas não se realizou, o homem tateia no escuro, em busca de algo novo, sem, contudo, dar-se conta de que o novo não pode vir do que lhe é externo, senão do que está dentro de si próprio, e dentro de si próprio pode e deve ser buscado. De dentro de cada ser humano, dotado, como nenhum outro ser vivo do planeta, de capacidade reflexiva e de raciocínio, poderá surgir o novo, a melhoria das relações entre os homens, e o respeito ao meio ambiente, de modo a garantir uma existência futura com qualidade. É preciso, para isso, que o homem repense seu ethos planetário, seu modo de ser-no-mundo, modifique seu comportamento predatório dos recursos e espécies naturais. Não pode o homem viver, nunca pode, sem utilizar recursos da natureza. Mas pode, mais que pode, deve, urgentemente, aprender a fazê-lo de modo sustentável, ou seja, sem degradar ou esgotar recursos naturais vitais para si e para as futuras gerações.

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