sábado, 3 de julho de 2010

AQUI A RESPOSTA PARA E-MAILS SUCESSIVOS, COM A PERGUNTA QUEM É MARINA SILVA? BOA LEITURA!


Nascida em 8 de fevereiro de 1958, é ambientalista e professora. Nasceu em uma colocação de seringueiras chamada Breu Velho, no seringal Bagaço, a 70 Km do centro de Rio Branco, no estado do Acre. Seus pais Pedro Augusto e Maria Augusta tiveram onze filhos, dos quais sobreviveram apenas oito. Marina cortou seringueiras junto com as irmãs e plantou roçados. Caçou, pescou e, por fim, ajudou o pai a quitar as dívidas com o dono do seringal. Aos quatorze anos só conhecia as quatros operações básicas de matemática, pois onde vivia não havia escola. Formou-se em História pela UFA. Na faculdade descobriu Marx e entrou para um agrupamento político semiclandestino, o Partido Revolucionário Comunista (PRC), que mais tarde seria incorporado ao PT.
Foi professora na rede de ensino de segundo grau. Engajou-se no movimento sindical. Foi companheira de luta de Chico Mendes e com ele fundou a CUT do Acre em 1985, da qual foi vice-coordenadora até 1986. Nesse ano, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e candidatou-se a deputada federal, porém não venceu a eleição. Em 1988 foi a vereadora mais votada do Município de Rio Branco, e conquistando a única vaga da esquerda na Câmara. Como vereadora, causou polêmica por combater os privilégios dos vereadores e devolver benefícios financeiros que os demais vereadores também recebiam. Com isso passou a ter muitos adversários políticos, mas a admiração popular também cresceu.
Exerceu seu mandato de vereadora até 1990. Nesse ano candidatou-se a deputada estadual e obteve novamente a maior votação. Logo no primeiro ano do novo mandato descobriu-se doente: havia sido contaminada por metais pesados quando ainda vivia no seringal.
Em 1994 foi eleita senadora, pelo Estado do Acre, com a maior votação, enfrentando uma tradição de vitória exclusiva de ex-governadores e grandes empresários do Estado. Foi Secretária Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores de 1995 a 1997. Pode-se dizer que se tornou uma das principais vozes da Amazônia, tendo sido responsável por vários projetos, entre eles o de regulamentação do acesso aos recursos da biodiversidade.
Em 1996 recebeu o Prêmio Goldmann de Meio Ambiente pela América Latina e Caribe, nos Estados Unidos. Em 2007, por meio da Medida Provisória 366, a ministra Marina Silva desmembrou o Ibama e repassou a gestão das unidades de conservação da natureza federais para o Instituto Chico Mendes.
Em 2003, com a eleição de Lula para a Presidência, foi nomeada ministra do Meio Ambiente. Desde então, enfrentou conflitos constantes com outros ministros do governo, quando os interesses econômicos se contrapunham aos objetivos de preservação ambiental.
Também em 2007, Marina recebeu o maior prêmio das Nações Unidas na área ambiental - o Champinhons of the Earth (Campeões da Terra)- concedido a seis outras personalidades: o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore; o príncipe Hassan Bin Talal, da Jordânia; Jacques Rogge, do Comitê Olímpico Internacional; Cherif Rahmani, da Argélia; Elisea "Bebet" Gillera Gozun, das Filipinas; e Viveka Bohn, da Suécia.
Em 13 de maio de 2008, cinco dias após o lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS). Marina Silva entregou sua carta de demissão ao Presidente da República em razão da falta de sustentação à política ambiental. as

EM PRIMEIRA PESSOA:
Comecei minha existência no seringal, em um lugar chamado Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco. Aprendi com meus pais a fazer tudo o que um menino ou uma menina que vive no seringal aprende. Aos 10 anos, o meu trabalho e o de meus irmãos era levantarmos todo dia muito cedo para ir cortar seringa. Eu, particularmente, acordava sempre às 4 da manhã, cortava uns gravetos, pegava uns pedaços de seringuins, acendia o fogo, fazia o café e uma salada de banana perriá com ovo. Esse era o nosso café da manhã. Aprendi a sobreviver às secas do Nordeste e depois à floresta úmida da Amazônia, tirando dali a sobrevivência de minha família.
Muito do que sou devo à minha família "sui generis", uma família de matriarcas. Fui criada pela minha avó em uma casa cheia de pessoas idosas. Eu criança no meio de seis adultos, registrava o que havia de melhor na experiência de vida daquelas pessoas. Tinha 14 anos quando minha mãe morreu. Fiquei um ano sem poder trabalhar porque estava com hepatite. No entanto diagnosticaram como malária. Quase morri. Impossibilitada de trabalhar, comecei a sentir uma tristeza muito grande. Hoje eu sei que chamam isso de depressão, mas naquele tempo a gente chamava aquilo de tristeza esquisita.
Certo dia fiz a opção de ser freira. Minha avó dizia: "Minha filha, freira não pode ser analfabeta". Eu não estudava porque, não tinha escola nos seringais. Resolvi que tinha que cuidar da minha saúde e estudar. Sempre fui uma pessoa de fé. Comecei a rezar durante um mês, pedindo que Deus tocasse o coração do meu pai e ele me deixasse ir para a cidade estudar. Quando fiz o pedido ele respondeu: "Você quer ir agora ou na outra semana, porque a gente tem que vender borracha para você levar algum dinheiro". Ajoelhei numa moita e rezei. Fiquei feliz da vida. A noticia chegou aos ouvidos do meu avô que hoje tem 102 anos. A oposição morre de medo que eu viva o mesmo tanto que ele. "Que história é essa dessa menina ir para rua estudar? Ela tem que ficar aqui cuidando da casa. Daqui a nove meses ela vai voltar embuchada e você não pode dizer que eu não avisei", vociferou.
Mas eu fui. Trabalhei como empregada doméstica e comecei a cursar o primário. Depois veio o ginásio. Acordava às 5 horas para aguar a horta. Terminava de limpar a cozinha às 8 da noite. Comprei várias velas, um despertador velho, tapei as frestas da porta para que a irmã Verônica não visse a claridade e estudava até as 3 da manhã. Durante um mês estudei muito e consegui passar.
No pré-noviciado ouvia falar num tal de Chico Mendes. Um dia vi um cartaz anunciando um curso de formação política para lideranças sindicais. Me inscrevi. A irmã perguntou que curso era e eu respondi que era oferecido pelo padre. Se ela soubesse que era para ouvir Leonardo Boff ela não tinha deixado. Os dois foram pessoas importantes em minha adolescência. Fiquei encantada com a Teologia da libertação. Uma idéia que a gente conhece a árvore pelos frutos que ela dá. De que a árvore que não dá frutos deve ser jogada no fogo.
Dali pra frente o desejo de ser freira ficava cada vez mais distante. Uma vida de oração já não era mais possível. Voltei para a periferia, perdi o vestibular em 79 por causa de uma hepatite. Em 1980 conheci o pai dos meus filhos. Já estava casada quando participei de um grupo de teatro amador que se chamava "Semente". Fazia o papel de chita, uma macaca imperialista que junto com o Tarzan queria invadir a Amazônia. A carreira artística não prosperou muito, mas aprendi a costurar e comecei a fazer figurinos de teatro. Uma madrugada acordei com os gritos do meu amigo Alberto Rocha gritando: "Macaca, tu passou!" Eu havia passado no vestibular para história.
Milhares de pessoas estão aguardando oportunidades. Mas, infelizmente elas são exceção, não são regra. O sistema durante muito tempo tem apoiado as exceções e mantém um discurso reacionário e conservador. Durante muito tempo alguns tentaram me rotular como exemplo da exceção para reforçar esse discurso conservador. Graças a Deus, a minha consciência política nunca me deixou me prestar a esse tipo de papel. Sempre vou trabalhar para que mais e mais pessoas possam ter oportunidades.

Chico Mendes
Com ele aprendi que se a gente dividir a oportunidade, dividir a realização, dividir o reconhecimento, a gente se torna uma força infalível. Por isso, se formos fazer as coisas para o povo brasileiro nós seremos derrotados, mas se fizermos as mudanças para e com ele, sairemos vitoriosos. Nós temos que fazer de forma tal que cada um de nós se sinta parte do problema e parte da solução. Cada um de nós tem que se sentir parte da pergunta e parte da resposta. Se colocarmos o problema e a pergunta no colo do Lula, iremos fracassar junto com ele. Mas se fizermos o contrário vamos ser uma potência em termos de esperança, de solução pacifica para os conflitos, uma forma diferente de lidar com a pobreza e com os recursos naturais.
Para terminar gostaria de contar um caso. Certa vez, um grupo foi fazer uma pesquisa nos seringais da Amazônia. O técnico colocou a barraca na beira do rio. O caboclo disse: "É melhor botar a barraca lá em cima porque vai chover e vai alagar tudo. O pesquisador revidou: "Não vai não caboclo. Já consultei o serviço de meteorologia e não vai chover". As 2 horas da manhã, ele acorda o caboclo pedindo para dormir na casa dele pois a chuva ameaçava invadir sua barraca. E ai perguntou: "Escuta caboclo como é que você sabia que ia chover quando nossos equipamentos diziam o contrário?". O caboclo então respondeu: "Tenho aqui um equipamento que nunca falha. O senhor tá vendo aquele formigueiro ali perto do rio? Tá vendo esse formigueiro aqui? Toda vez que as formigas sobem do formigueiro de baixo para o formigueiro de riba é porque vai chover e elevar o leito do rio. E esse meu equipamento nunca falha".
Digo para vocês: A Marina companheira, que hoje está ministra, quer continuar olhando para o que há de melhor na modernidade. Mas para o que há de mais sofisticado na tradição, olhando sempre para as formigas de baixo e as formigas de cima. (Do Movimento Marina Silva)

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