quinta-feira, 8 de julho de 2010

COLUNA DO DOUTOR ROGÉRIO ANÉSE NA FOLHA


O IDEB de 2009

O Ministério da Educação divulgou os dados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para o ano de 2009. São avaliadas as 4ª séries e o 5º, 8º e 9º anos do ensino fundamental. Para o Rio Grande do Sul nota-se um percentual elevado de municípios, que conseguiram superar a meta para 2009. Entretanto, o que se observa pelos dados é um Estado dividido, sendo que a maioria dos municípios com maior índice, inclusive acima de 6,0 (numa escala de 0 a 10) estão localizados nas regiões da Serra e Norte e Noroeste do Estado e, por outro lado, os piores índices ficam com municípios da chamada “Metade Sul”.
Esta discrepância enseja algumas considerações:
a) nos municípios mais ricos e com maiores possibilidades de investimento na qualidade do ensino o IDEB é mais elevado e apresenta crescimento considerável ao logo dos anos (2005, 2007, 2009);
b) Os municípios menores, tanto em área quanto em população, apresentam desempenho superior aos demais, em virtude da melhor organização da rede escolar e maior participação da sociedade na vida da escola;
c) Nos municípios mais pobres, existe um círculo vicioso, que compromete a melhora da qualidade de ensino. Os municípios, em geral, investem o mínimo necessário na educação (pela limitação de recursos) e a baixa qualificação da população compromete o crescimento da renda. Também nesses municípios a falta de incentivos e a pouca “concorrência” pelos cargos de professores inibem a inovação e a qualificação.
A melhoria do IDEB pelos relatos e experiências verificadas é resultado de uma combinação de fatores, mas não requerem mudanças mirabolantes. Dependem em grande parte da melhor utilização dos recursos (humanos, pedagógicos, financeiros); políticas educacionais continuadas (que não mudam a cada quatro anos com a eleição dos prefeitos), maior cobrança dos pais em relação à educação dos filhos e uma opção da sociedade local em relação à educação. Só assim os municípios irão se desenvolver social, cultural e economicamente.
O IDEB tem que ser usado como ferramenta de avaliação e mudanças de políticas para educação, pois ninguém deve estar satisfeito com os resultados verificados, uma vez que a meta é chegar ao padrão dos países desenvolvidos. Portanto, não devemos nos contentar com os bons resultados e apontar culpados para os maus. Temos é que pensar numa educação de qualidade para todas as crianças de todas as escolas e municípios.

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